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MOCHILÃO PELA AMÉRICA LATINA: Dicas de como programar seu mochilão (Parte 1)

  • danilobfc
  • 17 de out. de 2014
  • 16 min de leitura

Tá pensando em fazer um mochilão pela América Latina e não sabe por onde começar? Been there, done that! Quando essa minha última viagem caiu no meu colo eu tinha 0 ideia sobre o que fazer, o que valia a pena e o que não, o que visitar, enfim... E pensando justamente em pessoas que têm sede de conhecer novos lugares, mas que não sabem muito bem ao certo por onde começar, como eu mesmo, resolvi escrever pra ajudar os helpless-lost-travelers.


América Latina: Um paraíso inexplorado e sub-valorizado


É impressionante como muitos brasileiros (me incluía nessa categoria) desvalorizam o que temos tão próximo de nós! Pensamos que já que Brasil ocupa grande parte do Continente, as coisas não devem ser tão diferentes assim pela costa de lá! Duvido que se você perguntasse numa sala de colegial para onde eles mais gostariam de viajar, surgisse uma única alma que erguesse a mão e com orgulho dissesse: “América Latina”. Vejo dezenas de “Europas” e outras dezenas ainda mais enfurecidas de “Estados Unidos”. Se houvesse, e apenas se, um “América Latina” viria do rapaz esquisito e sem amigos no canto esquerdo da sala. Típico de brasileiros. Embora deva admitir que não escolhi a melhor faixa etária para meu exemplo, vocês entendem o objetivo...


Acontece que a América Latina é muito mais cheia de tesouros do que podemos imaginar. Muitíssimo mais interessante que EUA ou Europa em diversos aspectos (conveniência geográfica, preços, calor humano, paisagens e eu poderia continuar citando outros exemplos), temos um leque de opções incrivelmente variado, diferente e rico para justificar colocarmos nossos sapatos de trekking no pé e sair “dar um rolê” memorável pela América do Sul.


Em estilo pacotes de viagens CVC, devidamente divididos por regiões, começaremos com:


Os Altiplanos Andinos: Lhamas, Coca e falta de ar (Peru, Sul do Chile e Bolívia)

altiplanos.jpg

Tá afim de ver coisas que não existem de jeito algum no Brasil? Quer se sentir como os jogadores de futebol que têm o rendimento físico colocado em xeque por conta da altitude? Conhecer um pouco mais da cultura andina/inca/indígena e entender porque o Evo faz tanto sucesso e é até reeleito? Quer poder dizer que uma lhama cuspiu na sua cara e se sentir descolado porque tomou chá de coca e sentiu “algo”? Então esse pacote é feito justamente para você - foi esse que comprei com meu agente CVC (tsc, tsc, tsc).


Que cidades visitar?


BOLÍVIA: A Bolívia é um país definitivamente especial. Pensa num país com duas capitais e que nenhuma delas é a cidade mais desenvolvida: Bolívia. Pensa num país que ainda que pequeno é imensamente diferente: Bolívia. Pensa também num país paradoxalmente rico e pobre... tudo isso é Bolívia!


La Paz - A capital que todos conhecem da Bolívia é a cidade mais populosa do país e residência oficial dos mochileiros que se aventuram por terras bolivianas.


Sucre - A capital constituinte do país, embora tenha tido toda a importância de “capital” roubada por La Paz em uma espécie de “golpe”.


Uyuni - Cidadezinha com cara de pequena, mas que é relativamente grande para padrões bolivianos, famosa por ser casa do maior deserto de sal do mundo.


Oruro - Uma cidade que é famosa, embora ninguém saiba necessariamente a razão. Bem vindo a Oruro.


Potosi - A cidade que foi palco de grande exploração de prata e estanho e que já foi considerada uma das cidades mais ricas da América do Sul, hoje se resume a ruínas.


Santa Cruz de la Siera - Casa da vanguarda boliviana. Certamente a cidade mais ocidentalizada do país.


Copacabana - Mais um vilarejo que uma cidade, Copacabana fica às margens do Lago Titicaca e é a porta de entrada para a Ilha do Sol.



CHILE: Como todos nós sabemos, o Chile é um país super latitudinal, ou seja, é cumprido pra porra! E é justamente isso que faz dele super diferente. Do norte ao sul existe mais de um clima, diferentes aspectos geográficos, culturais e tudo mais que se espera que mude com a distância. Como o Chile é tão grande, dividimos ele em 2: Sul e Norte. O primeiro fará parte do próximo roteiro, então focaremos só no Norte, o que para nossa sorte se resume, basicamente, a uma única cidade!


San Pedro de Atacama - O deserto mais seco do mundo parece pouco para você?


PERU: Acho que o Macchu Picchu chama todas as atenções do Peru para si. É quase como se ele se resumisse às ruínas. E por mais que elas sejam, de fato, deslumbrantes, é triste pensar que um país tão rico, dinâmico e vivo se resuma apenas a pedras no meio de uma montanha. E para a felicidade de milhões de turistas como nós, não creio que o Peru seja facilmente resumível em apenas uma coisa ou poucas palavras!


Cusco - Signfica “umbigo do mundo” em Quechua, porque está no meio de um vale, cercado de montanhas. É o portão de entrada para Macchu Picchu.


Aguas Calientes - Se Cusco é o portão, Águas Calientes é a porta de entrada para as ruínas Incas. Um pequeno e super turístico vilarejo no meio das montanhas.


Arequipa - Rodeado por vulcões, Arequipa é uma cidade bem preparadas para turistas afim de diversão, aventura e paisagens de tirar o fôlego.


Lima - Capital do país, pode-se esperar tudo que uma cidade grande tem a oferecer.


Nazca - Linhas em formas de bixos que ninguém sabe quem fez. É isso. Nazca.


Puno - Famosa pelas Islas Uros, Puno pode ser uma cidade surpreendentemente viva para quem se dispõe a achar belezas em pequenas coisas.


O que fazer?


Os "Altiplanos Andinos" te dão uma variedade enorme do que fazer. Desde passeios históricos até turismo de aventura, não vai faltar opção para você encher seu dia.


Vou dar uma ideia geral e superficial de cada ponto que escolhi para vocês terem ao menos uma ideia de como tudo funciona e quando contar sobre minhas experiências em cada um destes lugares que visitei, conto mais detalhes!


Vale Sagrado (Cusco, Peru)


O tour do Vale Sagrado envolve todas as maiores atrações dos arredores de Cusco. Existem várias opções, com mais ou menos lugares para se visitar e diferentes tarifas (que são um pouco salgadas). Você visita cerca de quatro ou cinco cidadezinhas e com certeza vai se impressionar com paisagens de tirar o fôlego, além de cansar de dizer "não" para senhoras com trajes típicos levando uma lhama pela coleira que vão insistir até você não aguentar mais para tirar uma foto.


O fato de ser um tour é algo positivo e negativo ao mesmo tempo. Tem um guia, o que acaba sendo extremamente útil para saber mais das coisas que você vê e não simplesmente ver para dizer que viu. Mas também existe limitação de tempo nos lugares pela mesma razão. As paisagens definitivamente são de tirar o fôlego, embora sem demora tudo pareça ser a mesma coisa!


O tour completo custa cerca de 130 soles (que é uma pequena fortuna) e o parcial 70. Você pode comprar o tour em qualquer agência de turismo pela cidade (e acredite, são inúmeras) ou até mesmo nos albergues e hoteis.


Macchu Picchu (Aguas Calientes, Peru)


Dispensa apresentações, né?! Passar pelo Peru e não visitar o Macchu Picchu é um crime que não se deve cometer. É realmente fora do comum a sensação que se tem quando se chega lá em cima e é impossível você não questionar a vida e o propósito dela, seus objetivos... Pensar em quão pequenos nós realmente somos e que mesmo tendo inúmeros e inúmeros avanços científicos e tecnológicos, mesmo assim não conseguimos descobrir como Macchu Picchu foi construído com tanta perfeição. Enfim... É, de fato, uma experiência fora do comum.


Existem duas formas de se chegar até lá. Você pode fazer o Ruta Inca e ir à pé desde Cusco até o Macchu Picchu, que, apesar de ser extremamente cansativo, definitivamente vale a pena e contribui muito positivamente para a sensação geral. Você precisa ter um bom condicionamento físico para aguentar andar (uma subida) a um altitude de 3400 metros acima do nível do mar, mas caso tenha disposição, tempo e saúde, definitivamente opte pela rota! Não sei quanto se paga pelo trajeto, mas você pode tirar todas as dúvidas em qualquer agência de viagem da cidade.


Ou você pode pegar a opção mais rápida, embora extremamente cara. Aliás, a questão "dinheiro" é o maior inconveniente do Macchu Picchu. Você terá que: a) passar uma noite em Cusco; b) Pegar um trem de Poroy (distrito de Cusco) até Aguas Calientes que vai te custar uma pequena fortuna; c) Passar uma noite em Aguas Calientes e; d) Pagar mais uma pequena fortuna para entrar no Macchu Picchu.


Dá para fazer as coisas de outra forma? Até dá! Se você fizer o tour do Vale Sagrado, você pode parar em Ollantaytambo e economizar com a passagem de trêm, mas aí você terá pago pelo tour, então no fim teria pagado mais de qualquer forma.


Mas é tudo questão do que você prefere e de quanto você está disposto a gastar (dinheiro e tempo). Para chegar até Aguas Calientes, existem duas opções de empresas ferroviárias, a Peru Rail e a Inca Rail. A primeira tem mais opções de horários e um preço mais salgado, mas ambas têm trens bons e confortáveis. Indico comprar os tickets com antecedência pela internet porque você pode sim ficar sem passagem se deixar para o último dia!


Para o Macchu Picchu em si, a dica de comprar antecipadamente é ainda mais válida! Existe um limite de 2500 visitantes por dia, então, não deixe para comprar quando já estiver lá em cima, especialmente se você for em alta temporada. Para comprar seu ingresso, basta ir ao site do lugar (que vive saindo do ar, diga-se de passagem) e comprar por um processo bem complicadinho (Verified by Visa), mas que no fim dá certo (talvez não).


Salar de Uyuni (Uyuni, Bolívia / San Pedro de Atacama, Chile)


Uma experiência de reflexão mais longa que o Macchu Picchu, visitar o Salar de Uyuni também é algo indescritível. Paisagens e belezas naturais que parecem ter sido retiradas de um mundo de ficção científica diretamente da cabeça de um artista nada apegado à realidade.


Você pode começar o tour por dois lados: pela Bolívia, em Uyuni, ou pelo Chile, em San Pedro de Atacama. Os dois têm trajetos idênticos e você pode escolher o tour de 3 dias/2 noites (começa na Bolívia e acaba no Chile ou vice versa) ou 4 dias/3 noites, que começa e termina na mesma cidade.


A única diferença entre começar no Chile ou na Bolívia é o preço. Começar na Bolívia vai te custar pelo menos uns USD30 a menos.


Vale do Colca (Arequipa, Peru)


Muito parecido com o Vale Sagrado em Cusco, visitando o Vale do Colca em Arequipa você passa por várias cidadezinhas dos arredores conhecendo paisagens igualmente deslumbrantes. As partes mais conhecidas são o "Mirador Cruz del Condor", e as "Aguas Termales". Fora isso, tem várias paradas durante os dias para ver os vulcões que cercam Arequipa, vilas super pequenas, cheias de belezas e ainda se tem a oportunidade de experimentar um pouco da culinária típica da região (desde frutas desconhecidas até um buffet cheio de delícias).


Você também não vai encontrar dificuldades para comprar seu bilhete, porque chove gente correndo (literalmente) atrás de turistas oferecendo esse tipo de tour. Os preços variam muito, então pesquise! Pesquise e barganhe! Sempre se consegue um desconto!


Deserto do Atacama (San Pedro de Atacama, Chile)


Também conhecido como Vale de la Luna, acredito que seja o menor dos tours, porque dura apenas o período da tarde. Como se trata, sumariamente, de visitar um deserto, tudo se resume a paisagens. E acredite, elas são incríveis! Vales, cavernas, minas de sal, tudo isso passa pelos seus olhos de forma tão natural e ao mesmo tempo não, que você se pega desnorteado, até!


Um dos pontos mais altos de toda a viagem foi ver o pôr do sol no final do tour. De um lado você vê o sol sumindo no horizonte tão rapidamente que é quase como se piscar fosse desnecessário. E do outro lado, ver as montanhas tingidas por rosas, roxos, laranajas, vermelhos e amarelos tira o ar de qualquer pessoa.


Muito do que vi não era especialmente interessante, mas definitivamente faria o tour novamente!


Caretera de la Muerte (La Paz, Bolívia)


Se existe um arrependimento em toda a minha viagem foi não ter feito a Caretera de la Muerte. Uma descida de bicicleta de 4000 a 1000 metros de altitude em pouco mais de 3 horas à beira de um penhasco com a incômoda e excitante ideia de poder cair para a morte a qualquer hora. É pura aventura e adrenalina. E na verdade, muito menos perigoso do que parece.


Já houve mortes? Claro! Há acidentes? Diariamente. É um tour feito para os amantes do perigo, mas se você tem um mínimo de interesse, go for it! Procure empresas confiáveis (pergunte no seu hotel/albergue) e não se incomode em pagar um pouco mais, porque nesse caso realmente vale a pena! Pagar mais significa equipamentos melhores e guias mais preparados.


Você também não deve encontrar dificuldades para comprar o tour. O centro de La Paz tem várias empresas que fazem! Basta andar que você vai encontrar...


Isla del Sol (Copacabana, Bolívia)


Se você gosta de tranquilidade, paz e tudo super rústico, a Isla del Sol é seu lugar, definitivamente. No meio do Lago Titicaca, o lago mais alto do mundo, a ilha reserva paisagens de tirar o fôlego. Ela está dividida em Norte e Sul. Você pode optar por chegar no lado Sul, caminhar até o Norte (uma caminhada de umas 3 horas, em média) ou vice versa e voltar embora no mesmo dia (recomendo!) ou passar uma noite em qualquer um dos lados (recomendo também!).


Dizem que o lado Sul é mais turístico, mas sinceramente ambos são igualmente rústicos e sem muito o que fazer. Prepare-se para dormir as 8 da noite ou observar as estrelas até cair de sono. É um passeio completamente alternativo, feito para relaxar e sair um pouco do clima apressado de um mochilão.


Para chegar à ilha, basta comprar seu bilhete de barco em Copacabana até o lado Sul ou Norte, dependendo da sua preferência.


Islas Uros (Puno, Peru)


Se Copacabana (e as Ilhas do Sol) é a parte mais conhecida do lado boliviano do Lago Tititcaca, Puno (e as Islas Uros) é a parte mais conhecida da parte peruana. O que se vê lá são as famosas Islas Flotantes e a comunidade que as habitam. É realmente algo interessante... Pensar e de fato ver que existem comunidades inteiras feitas no meio da água com nada mais que raízes de uma planta que cresce no lago.


É um passeio super turístico e hoje dificilmente acredito que as ilhas existam por outra razão que não seja atrair o dinheiro dos turistas. Mas eu sinceramente não me importo. É interessante e super legal!


Turismo de Aventura


Nenhuma das cidades que você pode visitar é especialmente cosmopolita para se conhecer uma visão mais "moderna" desses países (talvez coloque Lima como exceção). O que chama mais atenção é justamente o que a natureza pode oferecer. Uma geografia que nada se parece com a nossa, propicia uma série de vales, rios, vulcões, montanhas nevadas... E justamente por isso, as opções de turismo de aventura são inúmeras.


Você pode fazer rafting, trekking, caminhadas, passeios de bicicleta, mergulhos, subir montanhas, se arriscar na beira de vulcões, snowboarding, enfim... As opções são enormes e basta perguntar por elas em qualquer agência de turismo que você com certeza terá muita coisa fora do óbvio e turístico para fazer!


Se você curte esse tipo de turismo, definitivamente vai se surpreender com tudo que o Altiplano pode oferecer!


Quanto gastar?


Acredito que a maior conveniência de se viajar pela América Latina é que o real vale muito por lá! É engraçado chegar no Chile, por exemplo, e ver seu dinheiro se multiplicar e a nota mais baixa que você tem na mão é CLP$ 1000. E não só o real vale bastante, como o nosso poder de compra é muito alto. E isso faz toda a diferença para quem está numa verba curta mas ainda sim quer se divertir e não quer deixar nada para trás!

QUANTO VALE MEU DINHEIRO?*

Moeda x País Quanto você tira com R$1

CLP (Pesos Chilenos) R$ 235,62

PEN (Soles Peruanos) R$1,17

BSD (Bolivanos) R$2,80

* Cotação do dia 24/10/2014 segundo site do Banco Central

Sabe aquela cena do filme "Eurotrip" que eles chegam em Bratslava com apenas alguns dólares e viram reis do lugar? Foi mais ou menos assim que me senti quando cheguei ao Chile. Ainda que fosse uma felicidade bastante passageira, pude ser feliz me sentindo milionário por alguns segundos. Apesar disso, o Chile é de longe o país mais caro dos três, especialmente em hospedagem! No Peru o Real vale quase a mesma coisa que que os Soles, mas você consegue encontrar preços mais justos! Já na Bolívia... Ah, a Bolívia! Tudo é tão barato que você realmente perde as estribeiras e pode acabar gastando mais do que deve/pode...


Mas bom, vamos ao que interessa? Quanto eu gasto por dia num mochilão pelos Altiplanos Andinos (não inclui as atrações turísticas, porque isso é muito particular, nem os ônibus entre cidades - falarei nos próximos tópicos)?


Hospedagem: R$ 30

Alimentação: R$ 40 (almoço, jantar e um snack)

Transporte Interno: R$ 10 (caso houver)

Festas: R$ 40 (umas três/quatro cervejas/pisco sour)

TOTAL = R$ 120/dia


Todos esses valores são uma média bem por cima das coisas, mas pode te ajudar a entender mais ou menos como a questão do dinheiro funciona. Você com certeza pode fazer opções mais baratas ou mais caras. E como fiz uma média para facilitar o meu processo criativo (e dar um pouco de moral para a minha preguiça), não dá para generalizar. Mas pense assim: no Chile você gasta mais que isso, mas na Bolívia você gasta bem menos que isso. E no Peru você gasta exatamente isso. Assim que funciona!


Como chegar e como transitar?


Basicamente, você tem duas opções para chegar ao seu mochilão. Um roteiro mais "punk" e um mais "high class". E para decidir isso, mais que grana (porque no final o custo/benefício realmente depende de você), você tem que levar em consideração o seu estilo de viajante e, principalmente, o tempo que você tem disponível.


O estilo "punk" é ir de ônibus até Corumbá, na fronteira do Brasil com a Bolívia, cruzar até Quijarro e de lá pegar o famosíssimo Trem da Morte até Santa Cruz de la Sierra e começar seu mochilão por lá. Existem outras formas ainda mais "punks", mas pouco se sabe sobre elas e provavelmente esconda mais perigos que um trem com nome de pacto com o amigo lá debaixo!


O estilo "high class", diferentemente do que você pode estar imaginando, não inclui passagens de primeira classe e champagne (ao menos que fazendo isso você ainda chame sua viagem de "mochilão"), mas sim, se resume a pegar um voo. É imensamente mais rápido e por isso acaba se tornando mais cômodo (embora provavelmente os ônibus devem ser mais confortáveis que os pequenos assentos do avião) e você ainda pode começar por onde quiser, mesmo que o "querer" esteja intimamente ligado ao preço mais barato.


No estilo "punk", saindo de São Paulo, você pode pegar algumas empresas como Motta e Andorinha até Campo Grande (13:30 / 14 horas de viagem) e de Campo Grande até Corumbá a mesma Andorinha faz o trajeto (mais 6 horas). Você pagaria por volta de R$ 190 pelo primeiro trecho e mais R$ 95 pelo segundo. Chegando em Corumbá, a opção mais inteligente é pegar um taxi até a fronteira com a Bolívia, que pode ficar entre uns R$ 50, mas é o preço que te custa por uma segurança a mais e pela facilidade no processo migratório não estar relacionado a um ônibus cheio de gente. Aí você chega em Quijarro e então pega o Trem da Morte até Santa Cruz. Existem dois tipos de tarifas e trens para a viagens. O Expresso Oriental e o Ferrobus. O primeiro custa cerca de R$30 e o segundo R$90, mas eles só saem em dias alternados na semana, então se sua intenção é gastar o mínimo possível, dê uma investigada nos horários e dias certinho no site da empresa! Aí você chega em Santa Cruz de la Sierra gastando um total de R$ 425 em um total de mais ou menos 35 horas - fora o tempo de espera que você provavelmente tenha entre uma parada e outra.


Já se você optar pelo "high class", você pode conseguir passagens para qualquer capital por uns R$700. É mais caro? Sim, é bem mais caro. Mas bem mais cômodo, rápido e fácil. Eu optei por esse porque não tinha tanto tempo disponível, mas teria facilmente optado pelo caminho mais longo, demorado e barato se tivesse uns 10 dias a mais de férias.


Ou caso você seja um diplomata e queira agradar todo mundo, faça a ida de ônibus e a volta de avião. Você já vai estar tão cansado da viagem, que voltar de avião mais rapiamente fará um bem enorme para você!


Agora que você já saiu do Brasil e já chegou no seu Mochilão (seja lá qual cidade optou por começar), também é útil saber como se locomover entre uma cidade e outra.


Sinceramente, eu pensava que seria um processo super complicado arranjar transporte entre as cidades que eu iria visitar. Tentei pesquisar com antecedência e deixar tudo planilhado para evitar surpresas mas não consegui. Aqui também você tem opções "punk" e "high class", mas sinceramente... Viajar de avião de uma cidade para outra só compensa se você for para muito longe. Senão, pegue um ônibus noturno (sério, só cogite ônibus noturnos), economize uma diária no albergue e seja feliz...


De qualquer forma, já tinha na cabeça que iria de ônibus para todos os lugares. Mas estava ansioso por não ter conseguido descobrir exatamente como chegar, que empresas pegar e o valor a pagar. Foi só quando eu cheguei lá que eu percebi que eles têm inúmeras opçõs de ônibus e inúmeras empresas que fazem todos os trajetos mais conhecidos. Não tem apuros, gente, sério! Só você dar uma passada na rodoviária (que às vezes pode ser uma lojinha no meio da rua) que você vai descobrir ao menos 4 empresas diferentes operando o mesmo trajeto, te garanto!


Normalmente, uma delas vai ser exorbitantemente mais cara que as demais pelo "serviço" (por serviço entenda um snack qualquer) oferecido e pela qualidade do ônibus. Sinceramente, nunca opte por essas! O "serviço" de fato é melhor, mas não justifica o preço. A diferença entre os ônibus não é tão diferente assim e, mais importante, o que realmente vai determinar sua viagem é a qualidade das estradas, o que no Altiplano não é lá muito boa... Então, por passar 8 horas no vai e vem, no treme treme sem fim e nas curvas super fechadas de uma estrada ruim de qualquer forma, que seja pagando menos, não é mesmo? Pagar mais não vai te dar uma viagem mais segura ou tranquila... Então, seja prático e pegue uma de valor intermediário que vai te oferecer um ônibus bom o suficiente para você dormir (ou tentar, ao menos) e que vai te deixar no seu destino são e salvo!


Quando ir?


Esse é um problema que a maioria dos mochileiros passa quando vai começar a pensar em uma viagem. Quando é a melhor época para conhecer determinado lugar? Qual época é mais barata? São inúmeras perguntas que devemos responder. Especialmente para os part-time backpackers, como eu, que não têm o ano inteiro disponível para viajar, é importante um planejamento prévio.


Todo mundo já está cansado de saber que devemos evitar as épocas de alta temporada. Então, fuja de Junho-Julho e Dezembro-Janeiro. Você só vai pegar mais fila em tudo, pagar mais caro em tudo porque a demanda aumenta muito e ainda correr o risco de ter que limitar seus planos por isso. Claro que se for o que você tiver disponível, terá que trabalhar com isso...


Se você tiver o resto do ano para poder escolher, no caso do Altiplano Andino você deverá escolher a opção menos pior de acordo com o que você gosta ou não. Isso porque você vai acabar tendo que escolher entre chuva ou frio.


Você pode optar por Agosto ou Setembro, por exemplo, quando a alta estação de férias já acabou. Mas ainda vai estar frio, acredite! Ou então você pode escolher Outubro, mas além de pegar um pouco de frio, você já começa a pegar chuva. E pior que chuva ou frio é chuva e frio! Aí tem Fevereiro e Março, mas ainda tem chuva... Então te sobra Abril e Maio, que, julgo eu, deva ser as melhores escolhas. A temporada das chuvas já vai ter acabado e apesar do frio ter começado, vai ser mais tranquilo...


_________________________



Então é isso aí, pessoal! Espero ter ajudado vocês a terem uma ideia mais clara do que/como/quando fazer as coisas num mochilão pela América Latina!


Para mim foi bastante confortável falar e escrever desse roteiro, porque foi o que eu fiz há pouco tempo. Nos próximos com certeza darei menos detalhes, mas prometo me empenhar para encontrar o máximo de informações para vocês! :)

 
 
 

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